Sigo só
Das lembranças que tenho
O peito vivia cheio
De sonhos e esperanças
Que se partiram ao meio
Nunca tive um ninho
Nunca um abraço me confortou
No meu choro
Só o soluço ficou
Nunca fui como todos
Poucos me viam
E se viam não me queriam
Vivi entre outros
Alguns iguais a mim
Nunca tive muitos amigos
Vivi mais solitária
Não porque sonhei assim
Nunca fui favorita
Ao contrário, fui excluída
Não por qualquer pessoa
Mas por quem me deu a vida atoa
Não fui o que meus pais queriam
Aliás, nem me queriam
Confiar não fui capaz
Pois do amor não soube jamais
Nunca tive quem amasse
E por mim fizesse mais
De querer-me a tal ponto
Que me perdoar fosse capaz
Tive somente a mim
Do início até o meu fim
A minha absoluta verdade
Sou quem por mim tudo faz
Esse é meu eu verdadeiro
Conforto nas horas de sofrimento
Não vivo sozinha porque gosto
Vivo porque isso me foi imposto
E depois de tanto tempo
Ninguém tentou jamais
Desatar meus medos
Desvendar os meus segredos
E por isso sigo só