Devaneio

O crepúsculo já se faz

Pela cidade vagueia

Rumo não tem mais

Segurando-se nos muros, tateia

A mente entorpecida

Por tantas dores sentidas

Hora traz memórias

Sonhos e despedidas

Hora apenas traz

Dores adormecidas

Se perdendo na escuridão

Da cidade fria

Apenas caminha

Sonhos não tem mais

As paredes são as mãos

Que a deixam em pé

Nessa contínua caminhada

Sem ponto de chegada

Pois perdeu a fé

Não foi anjo

Nem diabo

Foi um ser qualquer

Derrubado tantas vezes

Levantando-se nas paredes

Por não ter a mão

Que a ela erguesse do chão

Nos caminhos vividos

Tantos nãos recebidos

Invisível aprendeu a ser

Os sentimentos guardados

Molhados no adormecer

Entre cada soluço dado

Outro dia a amanhecer

Nunca houve uma chegada

Nunca houve uma despedida

Sua vida é cheia de nadas

Não há ponto de chegada

Fez de um sonho

A razão para viver

Esqueceu quem era o seu ser

Sonhou acordada

Com medo do anoitecer

Sabendo que na madrugada

Quem era iria fazer

Destruir cada sonho

Jogá-la na escuridão

Tateando pelo chão

Se quando não fez nada

Não teve nenhum perdão

Sendo agora a culpada

Só teria a solidão

Mas guardado dentro dela

Num perpétuo existir

Sendo ou não amada

Seu amor permaneceria ali

E, não num sonho,

Talvez num devaneio

Ela posso sentir

Tudo que nunca teve

E a solidão morra enfim

Quando seus olhos vermelhos

Se fecharem por fim

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 17/07/2023
Código do texto: T7839336
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