Um que são dois
Estamos de longe
Os dois sofrendo
Eu sofro por tudo
Que nem tive
Nem terei mais
Você está sofrendo
Pelo sonho dourado
Como árvore desfolhada?
Sofre pelas folhas caídas,
Representantes da vida?
Como coisas de homem,
Com as ideias em que crê?
Pensas no meu sofrer?
Te importa – não?
Ah, mas o coração se recente
A dor o envelhece
E diante dessas decepções arrefece
Pouco a pouco, só resta um lamento
Embora nossos mundos
De bosques desenhados persistam;
E, contudo, você irá chorar
Eu estou a chorar
E sabemos a razão.
O nome, meu amado,
Já não pode ser proclamado
Nem importa mais:
As estações passaram
Primaveras de pesar
Verões sem sonhar
Outonos sem cor
Invernos sem calor
Todas seguem iguais.
A boca não expressou,
Os ouvidos não escutaram
A sensibilidade não percebeu
Nem a mente desifrou,
O que ouve o coração,
Só o espírito pressente:
Eis a ruína que comigo nasceu,
Eis, meu amado, o que nos aflige
Não sou do teu mundo
Nem você és do meu
Não podemos viver juntos
O pecado venceu
Somos como vagabundos
Perdidos num amor que não valeu