Um que são dois

Estamos de longe

Os dois sofrendo

Eu sofro por tudo

Que nem tive

Nem terei mais

Você está sofrendo

Pelo sonho dourado

Como árvore desfolhada?

Sofre pelas folhas caídas,

Representantes da vida?

Como coisas de homem,

Com as ideias em que crê?

Pensas no meu sofrer?

Te importa – não?

Ah, mas o coração se recente

A dor o envelhece

E diante dessas decepções arrefece

Pouco a pouco, só resta um lamento

Embora nossos mundos

De bosques desenhados persistam;

E, contudo, você irá chorar

Eu estou a chorar

E sabemos a razão.

O nome, meu amado,

Já não pode ser proclamado

Nem importa mais:

As estações passaram

Primaveras de pesar

Verões sem sonhar

Outonos sem cor

Invernos sem calor

Todas seguem iguais.

A boca não expressou,

Os ouvidos não escutaram

A sensibilidade não percebeu

Nem a mente desifrou,

O que ouve o coração,

Só o espírito pressente:

Eis a ruína que comigo nasceu,

Eis, meu amado, o que nos aflige

Não sou do teu mundo

Nem você és do meu

Não podemos viver juntos

O pecado venceu

Somos como vagabundos

Perdidos num amor que não valeu

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 16/07/2023
Código do texto: T7838435
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