Se não houver amanhã?

O dia custa a passar

As horas parecem perpétuas

Arrastam-se esfregando na face

A dor que dilacera

Por um amor a findar

Nas palavras tuas

Que desnudam o disfarce

Dos sentimentos a acabar

Horas malditas

Repletas de silêncios ditos

Onde mal ouço

Meus pensamentos loucos

E nesse infinito tempo

A lua vence o lamento

E junta-se ao momento

Já bem alta no céu

Revelando a noite

Breu de sentimentos

E num repente

Deixa a chuva descer

Inundar o peito

Com suas gotas pesadas

Que descem marcando

Na face as valas

Das ácidas lágrimas

Mas apenas em mim caía

Somente eu sentia

E como em túmulo de órfão

A ninguém comovia

Era eu e a pedra fria

Mas se posso escolher

Ei de não perecer

Em fria pedra

Ei de voar

Sobre o imenso mar

Com os ventos a me levar

Não quero deixar

Um lugar

Sem ninguém para visitar

Por de mim não se lembrar

Vivi nesse agora

A dor que me devora

Sem ânsia por vitória

Apenas o doloroso afã

De que sabe estar

Chegando a hora

Adeus não darei

Não há para quem dar

Apenas os versos meus

Te poderão anunciar

E bem sei eu

Que em mim cessará

Todo essa dor

Que está no teu lugar

Apenas uma pergunta

Fica a me incomodar

Mesmo sabendo eu

O que irias me falar

Mas não consigo silenciar

E por isso vou registrar

Como seria

Se a morte viesse me buscar

Nesse momento

Em que estou a te falar

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 09/07/2023
Código do texto: T7833058
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