Se não houver amanhã?
O dia custa a passar
As horas parecem perpétuas
Arrastam-se esfregando na face
A dor que dilacera
Por um amor a findar
Nas palavras tuas
Que desnudam o disfarce
Dos sentimentos a acabar
Horas malditas
Repletas de silêncios ditos
Onde mal ouço
Meus pensamentos loucos
E nesse infinito tempo
A lua vence o lamento
E junta-se ao momento
Já bem alta no céu
Revelando a noite
Breu de sentimentos
E num repente
Deixa a chuva descer
Inundar o peito
Com suas gotas pesadas
Que descem marcando
Na face as valas
Das ácidas lágrimas
Mas apenas em mim caía
Somente eu sentia
E como em túmulo de órfão
A ninguém comovia
Era eu e a pedra fria
Mas se posso escolher
Ei de não perecer
Em fria pedra
Ei de voar
Sobre o imenso mar
Com os ventos a me levar
Não quero deixar
Um lugar
Sem ninguém para visitar
Por de mim não se lembrar
Vivi nesse agora
A dor que me devora
Sem ânsia por vitória
Apenas o doloroso afã
De que sabe estar
Chegando a hora
Adeus não darei
Não há para quem dar
Apenas os versos meus
Te poderão anunciar
E bem sei eu
Que em mim cessará
Todo essa dor
Que está no teu lugar
Apenas uma pergunta
Fica a me incomodar
Mesmo sabendo eu
O que irias me falar
Mas não consigo silenciar
E por isso vou registrar
Como seria
Se a morte viesse me buscar
Nesse momento
Em que estou a te falar