Desertos dos meus caminhos
Caminho nas areias do deserto
Em insalubre condição
Passos inseguros
Perdida, sem direção
Sinto na garganta a secura
De quem o medo toma
Sem os sonhos de menina
Doença que não tem cura
Entre norte ou sul
Existe um tanto faz
Carrego a minha cruz
Nada me satisfaz
O corpo já não suporta
A mente já o trai
Alucinações me acompanham
Enquanto tudo se vai
Já nem sei da realidade
Ou do que foi real
Sigo fora da temporalidade
Tudo é fatal
Caminho sem rumo
O oásis não creio haver
Faz tanto tempo
Nunca o pude ver
As águas que conheço
Transbordam do rio em mim
Vertem dos meus olhos
Nas lembranças desse fim
Garganta arranha da sucura
Da tristeza que a tortura
Pois nem esse deserto
Seca o que há em mim
Os ventos que trazem as areias
Os meus olhos não deixam ver
Mas até agradeço, pois não vejo você
E nesse caminho de areia
Voltar não posso mais
As pegadas se apagaram
Não há um marco atrás
Por louca e perdida estar
Em meio a esse desabar
Minha mente insana
Ainda se põe a sonhar
Mas não se assuste
No pouquinho de razão
Que se preserva nesse dilema
O sonho se desfaz como alucinação
E nada mais