Interminável
Depois de longa noite
Lutando contra a insônia
A primeira fresta de luz
Saudei
O cansaço intenso
Misturou-se aos pensamentos
E não me aquietei
Em elétrico frenezi
Ajitei-me em descompasso
Quase não suportei
A mistura do agora
Com as lembranças úmidas
De um outrora
E me sufoquei
Um grito inaudível
Deixado fora do ouvido
Ao espaço lancei
Arrancando lágrimas rubras
Que a face inundou
Perpetuando meu clamor
Ciente de que acabou
Enquanto no peito
Rasga a dor que mata
Esse corpo
Essa alma
Jaz em leito
Sem que nada lhe faça
Sair do estado morto
Nem existe calma
Dor dilacerante
Adaga perfurante
Em quem consciente
O grito guarda
Preservando aquele
Que o erro ocultou
Empurrando ambos à dor
Se um quer o perdão
O outro já não o traz no coração
Os sentimentos maltratam
Quem se perdeu
Entre silêncio e palavras
Nessa tortura
Cada noite é agonia
Cada dia é esteria
De um amor infértil
De um penar eterno
E entre pedidos deixados
Na estéril esperança
De que mais forte
Fosse o amor
Outro dia finda
Entre ainda úmida
Face que sem sorte
Traz as marcas dessa dor
Mascarada em feia tinta
Tornando a face túmida
Feito um morto vivo
Apenas sigo
Cabeleante agonia
Revirando as lembranças
Acordada nessa trama
Círculo infindável
Amor imutável
Perpetuado na alma
E no papel
Agonizante de dor