Interminável

Depois de longa noite

Lutando contra a insônia

A primeira fresta de luz

Saudei

O cansaço intenso

Misturou-se aos pensamentos

E não me aquietei

Em elétrico frenezi

Ajitei-me em descompasso

Quase não suportei

A mistura do agora

Com as lembranças úmidas

De um outrora

E me sufoquei

Um grito inaudível

Deixado fora do ouvido

Ao espaço lancei

Arrancando lágrimas rubras

Que a face inundou

Perpetuando meu clamor

Ciente de que acabou

Enquanto no peito

Rasga a dor que mata

Esse corpo

Essa alma

Jaz em leito

Sem que nada lhe faça

Sair do estado morto

Nem existe calma

Dor dilacerante

Adaga perfurante

Em quem consciente

O grito guarda

Preservando aquele

Que o erro ocultou

Empurrando ambos à dor

Se um quer o perdão

O outro já não o traz no coração

Os sentimentos maltratam

Quem se perdeu

Entre silêncio e palavras

Nessa tortura

Cada noite é agonia

Cada dia é esteria

De um amor infértil

De um penar eterno

E entre pedidos deixados

Na estéril esperança

De que mais forte

Fosse o amor

Outro dia finda

Entre ainda úmida

Face que sem sorte

Traz as marcas dessa dor

Mascarada em feia tinta

Tornando a face túmida

Feito um morto vivo

Apenas sigo

Cabeleante agonia

Revirando as lembranças

Acordada nessa trama

Círculo infindável

Amor imutável

Perpetuado na alma

E no papel

Agonizante de dor

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 03/07/2023
Código do texto: T7828563
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