Últimos Versos de Um Poeta
Hoje o último poema tem que ser escrito,
Sinto-me fragilizado, no ato insano me agasalho,
A porta aberta me espera na manhã pálida.
Nesse momento dou o retoque final a poesia.
Tropeço nas palavras que saem
encorajadas
E abençoo as linhas com pura poesia.
Hoje os versos serão extraídos do pântano,
Dos chacos abandonados, frios e escuros
Em um canto qualquer de mim surgiu
Marília de Dirceu,
O pobre Romeu, Sansão sem Dalila.
Do outro lado, uma deusa atrevida sai
do mar pervertida para encantar os deuses
gregos do Olimpo.
Os anjos chegam com suas harpas e coros
e eu....Vou passando a vida a limpo,
Onde não tem ponto eu crio.
Embriaguei-me na festa das uvas,
No vinho de Baco, dançando no ar, fogo,
água, lodo entre escaladas e voos.
Fui aventureiro, forasteiro, apaixonado amante ,
Viajei nos espaços envolto aos licores exóticos.
As bocas que deixei de beijar chegam,
se aproximam, beijam-me a face,
pelo sentimento mais sórdido, sacana
de não ter aproveitado mais de mim.
Então me desperço com um gosto
de amores, de orvalho, de flores,
de carvalhos, de versos intermináveis.
Quando eu os concluirei?
No cair da noite abraçada as palavras,
Farei renda, bilro, tricô, bicos, chitas,
laços de fita, tranças de versos.
Após abandonarei os cadarços
Numa única tarde, fria e perdida.
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