Caminho sem rumo
Caminhante sigo
Solitária figura
Que o tempo desfigura
Cada passo, um peso
De todos os medos
Que a mim configura
Ontem fui segredo
Hoje sou desnuda
Não é agora cedo
Nem nada anula
Sou mera criatura
Cuja caricatura
Permanece e não se cura
Caminhante dessa estrada
Em que me encontro com o nada
Enlouquecida de vazios
Coração dormente
Dor que fere o corpo e a mente
Embriagada de saudades
Que nunca deixaram de ser vontade
No peito um amor imenso
Sem fronteira ou tempo
Putefrando no abandono
Por um erro insano
Não trago esperança
Apenas as lembranças
Do que antes foi dito
E agora omitido
De menina na calçada
Querendo ser lembrada
À mulher indesejada
De quem só se guardou mágoa
Então não me resta nada
Além dessa estrada
Por onde sigo calada
Deixando escapar ao vento
Junto ao meu silêncio
Gemidos por esse tempo
Onde vivo em tormento
Destoante do teu pensar
Esse é meu caminhar
Não há rumo
Não há lugar
São passos desconexos
Onde tudo me é incerto