VIDA OU ADÁGIO
VIDA OU ADÁGIO
Há tempo para imaginar tudo,
Mas esse tudo não se realiza,
Pois o mundo é caso de estudo,
Donde a vida não é a baliza.
Sou o acaso no meio do caos,
Que mistura distância e luz,
Sou bem mais que carta de paus,
Mesmo tendo meu ás como plus.
Pode ser essa vida um estágio,
Ou também um destino concreto,
Como posso ser fé ou adágio,
Compelido ao ódio ou afeto.
Tudo ainda é mistério ou cura,
Se o domínio do mundo é ilusão,
E aquele que valora a loucura,
Talvez mergulhe em um vulcão.
Quem sabe se somos lava ardente,
Que molda a crosta de um planeta,
Se tudo é matéria ou imanente,
Em algo etéreo de anjo e cometa.
Serei como as luas de astro gasoso,
Ou quase uma estrela como Júpiter,
Ou apenas o asteróide cabuloso,
Que se faz de meteoro ou lúcifer.
Mas posso me ver numa plêiade,
Sendo um quasar ou estrela anã,
Mesmo sendo um peixe sem rede,
Ou ruminante querendo amanhã.
Por isso eu logo minha cultura,
A todo o passado que me traduz,
Deixando ao futuro toda textura,
E a minha loucura que te seduz.