PÉROLAS DE AFRODITE

PÉROLAS DE AFRODITE

 

Os encontros podem surpreender,

Quando andamos sem ter destino,

Ou quando a luta por sobreviver,

Nos fala do gelo nos Apeninos.

 

Quando o inverno me anuncia,

Pelos hemisférios sul e norte,

Sei que o léxico não denuncia,

O significado de minha morte.

 

Todos querem ver meu couro,

Mas o atabaque quer um bode,

Então guardo o meu tesouro,

Numa moqueca de cefalópode.

 

Ali tenho pérolas de Afrodite,

Guardando o profundo oceano,

Só não digo a ti que acredite,

Pois eu é que não te engano.

 

Já num rio fundo e selvagem,

Onde as esmeraldas se escondem,

Nos avisam que não há coragem,

Que suplante a gula do homem.

 

Somos dados a querer de tudo,

Sem entender a mesa ser farta,

Pois um caçador no mato é mudo,

Mas em casa conversa e infarta.

 

Fui a fera da idade do ferro,

E fui arte da idade do bronze,

Mas fui medo e dor que encerro,

Quando assino no vento meu nome.

 

Por não entender as estrelas,

Sou quem navega em seu barco,

E se perde a caminho de Tebas,

Ou em histórias sob Plutarco.

 

Nossa vida é como um labirinto,

Se queremos ser mais que humano,

Mas o dia de hoje é o que sinto,

Porque ontem é somente engano.