SERRAR OS GRILHÕES

SERRAR OS GRILHÕES

 

Na floresta tinha uma serraria,

Mas não era um castor o seu dono,

Era um lenhador com as heresias,

Debochado como ianque americano.

 

Nesse sul de um recém continente,

Desde quando descolamos de África,

Sofrem os povos em corpo e mente,

Pela beligerância que é trágica.

 

Para cá vieram ladrões belicosos,

Como piratas sem seus papagaios,

Eram cruéis, desumanos, jocosos,

E escravagistas ou legionários.

 

O vontade humana de doutrinar,

De querer dominar até a cultura,

Perdura até hoje em cada altar,

Ou no lixo das almas impuras.

 

E assim quase finda a floresta,

Pois querem ter ouro nos dentes,

Se a tudo o mercúrio infesta,

E o mundo a sofrer tão doente.

 

Querem cavalgar pelas noites,

Quando é hora de equino dormir,

Querem nos imolar com açoites,

Mas também vão morrer sem sorrir.

 

Só existe alegria pelo amor,

Pois o resto é apenas loucura,

Se o sádico só causa a dor,

Que todo masoquista procura.

 

Mas se o justo tiver serraria,

Será para serrar os grilhões,

E se alguém nasceu de Maria,

Foi pra nos indicar soluções.