O Umbuzeiro do Agreste
Sou enxada nas mãos do plantador,
Sou cactos a abrigar a dor na flor.
Palma na alma seca do Setentrional,
Água na garganta estreita do canal.
Despertei o sereno da madrugada,
Acordei o riso na beira da estrada,
Aticei a fome de lidar com a terra
E bebi toda a saudade da Serra.
Já lambi ambu sentindo o gosto azedo,
Já falei a terra sobre um amor descampado,
Fiz serenata em noite de lua cheia.
De amor murmurei uma noite e meia.
Quando a mão do destino fizer um cafuné,
Irei estrada afora a procurar na fé
Um bem querer entre as bromélias.
Levarei doce de umbu no tilintar das horas,
Feijão com charque e suco de carambolas.
Meu coração agasalharei na ato da fala,
Os beijos guardarei no porta joia da sala,
A voz silenciarei nas noites de meia lua,
As mãos a viola tocarão a sua rua.