ESCOLHAS

ESCOLHAS

 

Nem sempre eu pude ter escolhas,

Desde quando fui servo e escravo,

Mas o tempero requer as cebolas,

E come-se cru se o fogo é caro.

 

Sempre há razões para escolhas,

Porque Deus não as faz ou fará,

Se um dos atributos da folha,

É nutrir o solo ou lhe sombrear.

 

Há quem atribua a Deus as escolhas,

Mas um Criador não verá distinção,

E cada garrafa terá suas rolhas,

Que tampam o vinho em maturação.

 

Toda criação é certa em si mesma,

Mas nós somos loucos e insaciáveis,

Achando que somos feiúra ou beleza,

E que os desertos sejam navegáveis.

 

Não sei se a vida nos dá escolhas,

Ou eu tenha apenas que me adaptar,

Pois vai ter alguém fora das bolhas,

E há quem respire no fundo do mar.

 

Hoje se nasce com agenda do parto,

E querem escolher até o ascendente,

Mas os dias não morrem de infarto,

Se eu converso com a sarça ardente.