SUSPIROS, CHORO E ENGASGOS

SUSPIROS, CHORO E ENGASGOS

 

Todo dia nasce ou morre alguém,

Mas já não são os mesmos dias,

E nesse ano eu não vou além,

Pois hoje foi dia de alegrias.

 

Ter no Corpus Christi o filho,

Faz valer todas suas homilias,

Mesmo com o trem fora do trilho,

Ou pela barriga estar na pia.

 

Há quem convive em um reinado,

E quem sofre em pelo na Bahia,

Como um gado com ferro marcado,

Indo pro matadouro e sem guia.

 

Mas eu suspiro por esse Estado,

Que me deu família e só alegria,

Tendo fadas e elfos ao lado,

Sendo feliz mesmo quando não ria.

 

Tenho um choro contido de lágrimas,

Em cada dia em que o verso é dor,

Pois meu choro vem nas fantasias,

Ou nos filmes em que há sofredor.

 

Sou a bomba que explode a calma,

Por ouvir uma formiga a gritar,

Sou o pavio que ainda se apaga,

Se um elefante alado encontrar.

 

Esses engasgos de quem é taurino,

Não entendem os raios de gêmeos,

Os quais variam de calmo a ferino,

Mesmo que amem em modos terrenos.

 

Quem tem os filhos todos do ar,

E a companheira em meio à água,

Vê sua terra varrer e encharcar,

Mas quer o amor que lhe enxágua.