Desejos Gregorianos
O cio dos rios acordou o libido,
O colo do leito derrama paixões
A seca dos mangues abortam os medos,
Abortou à vontade no cais da saudade.
No cair da tarde não há mais ensejos.
Correm palavras na língua acesa
Os ouvidos escutam mas não ouvem.
Entre ladrilhos e estrelas o céu se irrita,
Talha o leite e explodem quebrantos.
Olhos me alcançam e despem meu corpo,
Fronteiras de becos e longas estradas,
Escritas latinas de desejos gregorianos
Que no corpo da noite suspira e maltrata.
Ando pelas ruas nas noites pardas
Tomando silêncio e bebendo orvalho,
Não estou só nessa caminhada,
No decorrer da noite vozes me falam,
No fim da noite vozes me calam.
Corto a noite, madrugada agora,
Entre ruas e vielas faço morada a fora,
Casas e sobrados cochilam ou dormem
A misturar o lindo cedro em cada corte.
Quantos passarão por essas esquinas
Carregando conflitos, amores, canções,
Carregados de poemas e sedentas seduções
Ou histórias nas solas dos sapatos?
A noite espia e guarda mistérios,
Os cachorros latem e guardam o faro,
A coruja passa rasgando magia
Com passos precisos eu cruzo a aurora.
Vou comigo a correr por essas estradas.
As folhas guardam palavras mortas,
Respiram forte quando da minha passada.
O vento espalha seus sentimentos,
Os anjos despertam as suas harpas.
Seguem os homens num novo encontro
Envoltos aos dedos desejos santos.
Seus teoremas são rosários do dia,
Suas raízes cobertas por mantos.