Olhos a Margem
Mãos trêmulas as que estão diante do papel
Está na hora de lavar a alma escrevendo
Diante do criado mudo vai tecendo
O que debrulha dos trépidos momentos.
Corta as ruas da cidade observando
As cores das vitrines e os modelos estáticos,
O vendedor discursando bem à porta,
A oferta enchendo os olhos de quem passa.
O dia se apressa, os transeuntes se esbarram,
O calor toma conta e o sorvete derrete
Na fria mesa da sala as mãos fervem
E os dentes mastigam a sorte e o chiclete.
Cruzou a ponte com olhos de rios
No horizonte versejou ao céu em arrepios
Pegou o metrô a comer pipoca salgada
O dia escorregou no banco da praça
Onde dormia a infância abandonada.