O QUE POSSO DIZER
O QUE POSSO DIZER
A essência da vida é sentir,
E o vento faz o rosto esfriar,
Mas também posso pressentir,
Quando meu coração palpitar.
Na vivência eu sinto a chuva,
Mesmo antes da nuvem se esvair,
Mesmo quando o vento perturba,
E quer levá-la sem mesmo cair.
O cheiro de chuva é de carinho,
Como um gato ronrona ao passar,
E esfrega o seu corpo em mimos,
Só querendo querer me agradar.
Todos nós queremos um consolo,
Para os dias em que há tristeza,
Mas os bichos conhecem de colo,
Como os cães nos olham à mesa.
É nos sonhos que viro adivinho,
E um dia talvez seja contemplado,
Mas não vejo no ouro um caminho,
Só apenas o dito valor do pecado.
E o que posso dizer que é certo,
Se não há regras no amor e querer?
Mas eu posso respeitar seu credo,
E agir com afeto sem você saber.
Somente é preciso saber do tempo,
Que escorre mais rápido ao querer,
Pois a estrela se mostra ao vento,
E ela já sabe o que vai florescer.
No caos não há pressa e nem viúvas,
Ele não quer ser dia, por ser eterno,
No caos eu vagueio e colho as uvas,
Mas, ante o ódio, no amor persevero.
Meu modo de vida conflita a tudo,
Pois sou a questão para a resposta,
Que não tenho e por isso estudo,
E busco saber qual será a aposta.
Serei sempre um espinho na bolha,
Buscando sorver do seu néctar,
E, ao mesmo tempo, ser como folha,
Que sombreia ao vento e especta.
Mas um dia estarei a cobrir o chão,
Espalhando ao vento todo meu cheiro,
E ser novo adubo para os que virão,
Declamando meu verso primeiro.