APÓS O JOGO
APÓS O JOGO
Mesmo depois de tanto sofrer,
Os algozes teimam em me achacar,
Com desdém e escárnio do poder,
Ante o sufoco no fundo de mar.
Todos se vendem sem princípios,
Pois nada é ético após a moral,
Fazem justiça nos precipícios,
Onde descartam meu ser animal.
Somente não sabem o futuro,
Pois não fui feito na morte,
Sou filho que rompe o escuro,
Qual luz que indica a sorte.
Será que a sorte ainda existe?
Eu verei após o jogo de xadrez,
Mas olhando de fora como cisne,
Ou num fruto maduro ou 'de vez'.
Buscar sempre pela competência,
É viver em permanente conflito,
Pois os néscios estão na regência,
E ninguém ouve mais o meu grito.
Quando a gente envelhece e cai,
O poder logo nos descredencia,
Vira as costas pra mãe e o pai,
E nos tratam como nas heresias.
Botam lenha e acendem a fogueira,
Onde vão imolar os nossos corpos,
Vão dizer que somos de chocadeira,
Como filhos de cobra e sem rostos.
Hoje importa quem detém o ouro,
E o resto será jogado aos leões,
Mas não sabem qual é meu tesouro,
Nem importa quais minhas razões.