NÃO SOMOS ETERNOS

NÃO SOMOS ETERNOS

 

Havia um sábio na praça,

Mas ele não tinha riquezas,

E o seu luxo era a graça,

Ao dizer não ter certezas.

 

Os donos das tais verdades,

Sempre caem em desgraça,

Pois mesmo o rei das cidades,

Vai ter seu esquife na praça.

 

Seremos eternos na esperança,

Pois nosso corpo tem validade,

E o tempo nos toma a lembrança,

Recolhida pela luz da verdade.

 

Nossa energia chegou de graça,

Juntando os átomos e órgãos,

Fez de nós o bom vinho da taça,

Mas nos quer de volta tão logo.

 

Não há como sermos eternos,

Se nem todas galáxias o são,

Mas temos linhas no caderno,

Que revelam sermos do chão.

 

Somos feitos de vários minérios,

Reunidos numa fôrma fantástica,

Num contínuo favor dos mistérios,

Que permite ir além da estática.

 

Nós falamos, pensamos e agimos,

Recriamos até o que já partiu,

Clonamos as ovelhas e intuímos,

Sobre a morte da luz que surgiu.

 

Vemos estrelas em nosso presente,

Mas pescamos celacantos só no mar,

Achamos dinossauros, hoje ausentes,

E a luz é passado de algum lugar.