MUDA
Como conseguistes
esconder as palavras
na nudez do silêncio?
Não cultuas
nas incultas
tatuagens
da tez,
ateias fôrmas
daquilo que da louca
forma não consagra,
só sangra
e singra
os mares da tua boca ?
Como me arranha,
como aranha
em sua teia,
em sua toca
em voltas, idas
e mudas ideias
aracnídeas?
Da nudez,
vesti-me com
tua mudez
e por não ter o que dizer,
fiz-me a palavra oculta
que de tão culta,
não adormece,
acorda
na corda
vocal
silente,
ausente de
totalidade
e de toda tua
desoralidade.