SOLETRAÇÃO
Por ti,
e apenas por ti,
cultivei-me
em esperas,
me fiz semente
no solo
de possíveis solidões.
Não me ofertei,
com isso,
às áridas ausências.
Recolhi-me
à fertilidade das esperanças
às avessas e nas avenças
das resignações.
Do verbo,
não quero que me
conjugue
em nada mais do que o desejo,
quero ser seu
cônjuge,
sonhando com o invisível beijo.
Nesse imaginário,
onírico dicionário,
quero ser o infinito
para não lhe consumir, breve,
em efêmeras pronúncias,
mas
aprender a desperdiçar-te
apenas com o meu interminável soletrar.