Tempo...transbordar...amar

Jaz o tempo

Em que o coração já morto

Batia aqui dentro

Descompassado

Meio louco

Embebido das palavras

Entrepidas

Sorrateiras

Sonoridade arranjada

Orquestradamente arrumadas

Aquecia

Enlouquecia

De longe se ouvia

Insana melodia

Que com ela dançava

Corpo e alma

E nada cansava

Fosse noite

Fosse dia

Ou fosse madrugada

Ouvir era o que queria

Mesmo sendo vazias

Postergar

O tempo findo

Era o que restava

Pelas mãos do destino

A aurora rubreou-se

E o que era divino

Em terra mergulhou

Enebriada

Inconformada

Alma e corpo

Se perderam nessa dor

Se agarrando em um tempo

Que a palavra desenhou

Mas também o tempo

Revelou que a própria dor

Tem o seu tempo

Para chegar

E para partir

Mesmo sem ir

E depois de outro tempo

Volta a sorrir

Não o sorriso de outrora

Mas o sorriso de agora

Desse tempo

Desse momento

Consciente do sofrimento

Consciente de que existe a dor

Numa paz pungente

De quem experimentou

Amor

Dor

E não abandonou

O enebriante cálice

Esburrante amor

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 23/05/2023
Código do texto: T7795574
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