Tempo...transbordar...amar
Jaz o tempo
Em que o coração já morto
Batia aqui dentro
Descompassado
Meio louco
Embebido das palavras
Entrepidas
Sorrateiras
Sonoridade arranjada
Orquestradamente arrumadas
Aquecia
Enlouquecia
De longe se ouvia
Insana melodia
Que com ela dançava
Corpo e alma
E nada cansava
Fosse noite
Fosse dia
Ou fosse madrugada
Ouvir era o que queria
Mesmo sendo vazias
Postergar
O tempo findo
Era o que restava
Pelas mãos do destino
A aurora rubreou-se
E o que era divino
Em terra mergulhou
Enebriada
Inconformada
Alma e corpo
Se perderam nessa dor
Se agarrando em um tempo
Que a palavra desenhou
Mas também o tempo
Revelou que a própria dor
Tem o seu tempo
Para chegar
E para partir
Mesmo sem ir
E depois de outro tempo
Volta a sorrir
Não o sorriso de outrora
Mas o sorriso de agora
Desse tempo
Desse momento
Consciente do sofrimento
Consciente de que existe a dor
Numa paz pungente
De quem experimentou
Amor
Dor
E não abandonou
O enebriante cálice
Esburrante amor