A RIMA IMPOSSÍVEL

Meu verso não rima

com nada

que não seja audácia

que não seja rebeldia

que não seja emoção

que não seja sede

que não seja anedota

que não seja a mais explícita dúvida

que não seja pirueta

sem rede de proteção

por sobre abismos desconhecidos

Meu verso rima com o Sol

com a Lua cheia

cometas e meteoros

que se fazem estrelas cadentes

quando descem à Terra

em busca de sobras

de migalhas de luzes

atiradas aos pássaros

por bêbados caridosos

nos anoiteceres dos bosques

onde me busco ansioso

- imperfeito e muito frágil -

mas nunca me encontro

apesar de voar por sobre as copas das árvores

disputando o espaço impassível

com tenebrosas aves de rapina

que insistem em devorar meu coração.

- por Hans Gustav Gaus, almirante holandês analfabeto, no anoitecer de 05/08/2021, à procura da rima impossível, perdido entre estrelas cadentes e aves de rapina -