DUALIDADE
Ainda ontem,
no tempo da lembrança
preservada no sumo das lágrimas,
te beijei
com os ventos,
e de tantas bocas
eólicas,
holísticas,
me fiz hóstia
e purifiquei
as tempestades.
O vento
se fez em brisa,
na carícia dos lábios umedecidos no mar
emudecidos no amar
nas amarras de algum cais
esquecido em mim.
Palavras
atracaram-se
no silêncio,
do beijo posto,
porto que era,
eu, sua embarcação,
ora repousando,
em oníricas navegações,
horas à deriva,
à sua procura
num oceano sem fim.