SEMPRE HÁ IMPÉRIOS
SEMPRE HÁ IMPÉRIOS
Bati na porta, mas foi em Plutão,
Se está escuro por causa da borda,
Com o sol tão longe e sem ilusão,
Quando há lei que só me revolta.
Ninguém quer unir quintal e nação,
Pois sempre há impérios pela área,
E isso vale para Venus ou Plutão,
Já que Mercúrio é cama de vara.
Depois da guerra como holocausto,
Estive a lembrar Leopoldo, o belga,
Que já matava os pretos descalços,
Se o branco e seu Deus era regra.
Aqui vota só quem lê e escreve,
Isso sim é dizer-nos quem manda,
Pois só treze de maio não serve,
Se não tem o preto como demanda.
Sobram morros, guetos e favelas,
Pois só branco é quem pode viver,
Como morrem Yanomamis sem vela,
Se passam fome e a doença vão ter.
Quem viveu o holocausto judaico,
E conseguiu escapar do martírio,
Sabe o que foi dito em aramaico,
Desde os tempos de Tróia e Tiro.
Mas aqui sempre tem um Araguaia,
Tem Carandiru lembrando Canudos,
Tudo sob a chibata e a navalha,
Ou como aias em coitos e lutos.
No Brasil tem quem morre de bala,
Sobrevivendo em eternos presídios,
Ou cavando suas próprias valas,
Pela eugenia imposta em artigos.