O MELHOR PRÊMIO

O MELHOR PRÊMIO

 

Se eu fosse falar do que me aflige,

Talvez coubesse no bojo de um livro,

Mas, certamente, é a menor vertigem,

Que leva o povo ao pior desespero.

 

Viver não é fácil em meio às feras,

Não aquelas que estão lá no mato,

Mas as bestas que hoje proliferam,

Em cada palácio ou seu correlato.

 

Quem sobe a rampa e vai governar,

Tem que ter bons exemplos de vida,

Saber quanto custa se alimentar,

Enquanto a caatinga é vida sofrida.

 

Mesmo quem nasceu no sul maravilha,

Deve saber que nem tudo se planta,

Pois cada solo e clima é partilha,

Do que floresce ou o que encanta.

 

Ter mil paisagens e solo rochoso,

Ou com terra fértil com minadouro,

De nada adianta ao homem tinhoso,

Se nos devora com dentes de ouro.

 

Eu quero o sorriso de bom caráter,

Pois não me serve viver o deboche,

Nem vale a pena querer ir a Marte,

Se não conheço sequer Bariloche.

 

O homem quer viagens em astronave,

Mas devia conhecer o fundo do mar,

Curtir o balanço da onda que bate,

Nos velhos barcos que vão navegar.

 

Ler a Júlio Verne e sobre Netuno,

Estar com os raios que Zeus lança,

Mesclar sua cultura por um segundo,

Quem sabe aprendendo como se dança.

 

Ver as sereias e conchas de Vênus,

Estar numa encosta como Prometeu,

Talvez sendo a vida o melhor prêmio,

Se quem te serve não quer nada teu.