O QUE SE ENXERGA É PASSADO

O QUE SE ENXERGA É PASSADO

 

A ansiedade não devia existir,

No que está contido em meu livro,

Como escritos dos quais vou rir,

Se não pedem ter cela e estribo.

 

Se não domo nem velhos cavalos,

Quem dirás os dragões ao vento,

Como um vento solar é regalo,

Pois o Sol me dirá se aguento.

 

Cavalgar já não posso agora,

Se não há colunas no templo,

E as pedras são da sinagoga,

Esquecida nas areias do tempo.

 

Cada povo acredita a seu modo,

Quando são de culturas e traumas,

E se olham pro céu, me incomodo,

Pois o que vejo são suas almas.

 

Tudo o que se enxerga é passado,

Pois é só o que há no presente,

E o futuro será de um convidado,

Que não vai ser tão diferente.

 

Até lá, também seremos passado,

E não adianta querer revivê-lo,

Pois são únicos os dias do sábio,

E só ele está convidado a tê-los.

 

O resto talvez seja um cimento,

Argamassa de totens nas tribos,

Mas que passam ainda sedentos,

Ao viver ante o joio e o trigo.