DEPOIS DO VESÚVIO
DEPOIS DO VESÚVIO
O homem se acha o mais forte,
Mas nem serve como andorinha,
Pois essa nos alerta da sorte,
Quando o maremoto avizinha.
Já os homens não se apercebem,
E nem mesmo depois do Vesúvio,
Pois vivem na festa e esquecem,
Que a lava virá como um dilúvio.
De que vale morar numa cidade,
Com suposto conforto e riqueza,
Se o futuro está na diversidade,
Com o respeito à mãe natureza.
Vão pensando com imediatismo,
E estão extinguindo as abelhas,
Onde o futuro será um abismo,
Se chaminés ofuscarem estrelas.
Eu olho pro céu, mas não vejo,
Pois tem fumaça além da floresta,
E nas hortas não há mais poejo,
Quem dirá o remédio que presta.
Mata Atlântica ou nossa Amazônia,
São farmácias mais que especiais,
São farturas que curam a insônia,
Mas desperta a ganância demais.
De que vale matar seringueiras,
Pois sem elas não temos borracha,
Ou também quando cai copaibeira,
E o óleo ninguém mais não acha.
Quem não sabe porquê ter cotia,
Deve perguntar ao pé de castanha,
Para saber que ela rói noite e dia,
E esquece as amêndoas na panha.
Com as aves eu aprendo as rotas,
Pois elas ressurgem nas estações,
Dão seus vôos num vai e volta,
Sobre a lama e sem ter aviões.
Mas no fim, eu só quero a paz,
E poder sentar junto ao fogão,
Ver ferver as comidas e chás,
Que me tragam mais satisfação.
E contemplar manhãs e tardes,
Limpando da terra todo meu lixo,
É como dizer que sinto saudades,
Das ceias com fartura e fuxico.