CABAÇA DE TROCA
CABAÇA DE TROCA
Em África há vários costumes,
Como também em qualquer lugar,
Pois numa cabaça cabe legumes,
Que se troca na feira em Dakar.
Mas há tabuleiros até no Pará,
Só falta aprender de permuta,
Fazer o que for bom sem roubar,
Até mesmo porque tudo é labuta.
O suor escorre de cada lavrador,
Mas também de quem leva a carga,
E talvez se dispense até senador,
Pois o peão é quem sabe da saga.
Nós crescemos com a sociedade,
Mas esquecemos de cada origem,
Ou o que vem com outra verdade,
Recheada de Europa ou Caribe.
Eu só sei que aqui encontramos,
A cultura em clima de trópicos,
O que demonstra o ethos humano,
Que se mescla com os fenótipos.
Só não sei até quando é consciente,
Cada ação que traz dor ou alegria,
Quando tornaram o índio indigente,
Ou rotularam de preguiça a Bahia.
Mas quem disse é mais preguiçoso,
Pois o capitalismo é uma doença,
Sendo um tipo de crime doloso,
Desde que mais valia compensa.
Mas eu sei que haverá uma cura,
Só o tempo é que não mensurei,
Pois vaguei até com a loucura,
E só vi quem queria ser rei.
Vão ver ser preciso os dilúvios,
Ou mesmo um mortal cataclisma,
Que nos varra após um prelúdio,
E, enfim, verei essa conquista.