SERVO É TRABALHADOR
SERVO É TRABALHADOR
Eu quero falar do 1° de maio,
Falar de cada ser trabalhador,
Mas também dizer sobre o lacaio,
Que foi operário de um senhor.
Em cada 1° de maio no mundo,
Não sou mais que um escravo,
Pois dizem que sou vagabundo,
Se não der lucro ao conchavo.
Retrato em família é pra nobre,
Pois quem tem ouro, tem berço,
Mas não ter coroa é do pobre,
Que teve os ferros nos beiços.
Quem já fez parte de uma força,
Sabe bem quem são os tutelados,
E mesmo que não saiba, mas ouça,
Eu lhe digo que fomos enganados.
Disseram pro guarda e o soldado,
Dê a vida pelo rei como virtude,
Mas o motivo é estar ao largo,
Num escárnio aos pobres amiúde.
A polícia é o cão que aguarda,
Pois vive no aguardo de um osso,
Demonstrando ser cães de guarda,
E lhes põem coleira no pescoço.
Sei que falo como regra geral,
Não de todos que dão seu suor,
Pois há leis pra vigário geral,
Que me diz de alguém bem maior.
Bem verdade que somos os servos,
Pois o trabalhador é sob ordem,
Mas nosso consolo são os ternos,
Que ricos vestem quando morrem.
Afinal, eles não levam o ouro,
Mas se transformam em estrume,
Enquanto brigam pelos tesouros,
Achando que sirvam de perfume.