ILUSÕES E IMPÉRIOS

ILUSÕES E IMPÉRIOS

 

Depois que arrotamos bondades,

Talvez eu converta os hereges,

E também os pagãos das cidades,

Que jejuam até com tuaregues.

 

Vi seus rastros pelos desertos,

Como cobras também se arrastam,

E pensei que só eu estou certo,

Até quando um Narciso se acalma.

 

Desse jeito, achei ser um nobre,

Com direito a cobrar indulgência,

Pra ser dono do ouro e do pobre,

E se dizer titular da regência.

 

Se disserem algo ao contrário,

Esquartejam como Vercingetórix,

Declarando-o um amigo gregário,

Mas o gládio transpassa o tórax.

 

Isso tudo foi obra do ontem,

Quando hoje há navio nuclear,

Loteando o escárnio do homem,

Que se acha dono de um lugar.

 

E assim, vão ilusões e impérios,

Sejam Pérsia, Egito ou a Núbia,

Como droga dos mesmos clérigos,

Disfarçados de monge ou druida.

 

Tivemos as pirâmides e a távola,

Mas também os castelos e templos,

E no meio há sempre a metáfora,

Que deifica até mesmo os ventos.

 

Mas é o tempo que gesta energia,

Seja como uma estrela ou um cão,

Pois se cada estrela for guia,

Só com sabedoria seremos dragão.