UM SER INDECENTE
UM SER INDECENTE
Quando eu era apenas criança,
E a casa era o meu coletivo,
Ir à escola era uma festança,
Onde podia encontrar um amigo.
Porque todos brincavam alegres,
Não se viam maldades e usuras,
Sendo tempos de Branca de Neve,
Ou ninguém percebia a loucura.
Nos quadrinhos havia as bruxas,
E Mônicas enfrentando Cascões,
Cebolinhas com as travessuras,
Onde Pluto e Pateta eram cães.
Nos sonhos até bichos falavam,
Nas fúteis tragédias normais,
Que os bons exemplos calavam,
Dentre nossos distúrbios mentais.
Serelepe, eu não fui romântico,
Pois não soube ser tão traquino,
Se eu nem conhecia o Atlântico,
Quem dirás com meu verbo ferino.
Hoje falo o que não se podia,
Se o passado era dor e pobreza,
Pois a morte era uma alforria,
A quem nasce de uma incerteza.
Quem nascia como um prematuro,
Quase sempre voltava pra Deus,
Ou chegando a ser fruto maduro,
Queria ser o que não prometeu.
Hoje eu sei da tosca inverdade,
Se o homem é um ser prepotente,
Pois se acha o dono da verdade,
Mas verdade é ser tão indecente.