LONJURAS

Em épocas de lonjuras,

dou-me a sofrer de claustrofóbicos sentimentos,

evito lugares fechados de saudades,

ares rarefeitos pelas ausências.

Em lonjuras épocas,

faço épicas loucuras

para combater solidões.

A asma ataca-me os pulmões,

a alma atraca-se aos alvéolos,

ávida por respirar tua presença.

Conjugo-te em retornos,

em todos as flexões

verbais que a angústia me dá.

No tempo das horas

e do destempero,

procuro tua oralidade,

mas o silêncio me encontra.

Não vejo mais tua nudez,

a mudez do teu corpo

desamarrotou os lençóis

A cama chora,

o quarto padece,

sobre o travesseiro repousa o abandono

e meu olhar vazio

vaga, perdido,

na infinita bruma

da solitária noite.

Em épocas de lonjuras,

opacas são as lembranças

que se desbotam

e se empalidecem

na tez do teu esquecimento.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 22/04/2023
Código do texto: T7769962
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