LONJURAS
Em épocas de lonjuras,
dou-me a sofrer de claustrofóbicos sentimentos,
evito lugares fechados de saudades,
ares rarefeitos pelas ausências.
Em lonjuras épocas,
faço épicas loucuras
para combater solidões.
A asma ataca-me os pulmões,
a alma atraca-se aos alvéolos,
ávida por respirar tua presença.
Conjugo-te em retornos,
em todos as flexões
verbais que a angústia me dá.
No tempo das horas
e do destempero,
procuro tua oralidade,
mas o silêncio me encontra.
Não vejo mais tua nudez,
a mudez do teu corpo
desamarrotou os lençóis
A cama chora,
o quarto padece,
sobre o travesseiro repousa o abandono
e meu olhar vazio
vaga, perdido,
na infinita bruma
da solitária noite.
Em épocas de lonjuras,
opacas são as lembranças
que se desbotam
e se empalidecem
na tez do teu esquecimento.