ALÉM DE FAUSTO

ALÉM DE FAUSTO

 

Todo dia eu encontro o passado,

Ao olhar para o céu e os astros,

E ao buscar como fomos gestados,

Porque somos mais do que Fausto.

 

Não fizemos acordo pelo eterno,

Pois eu nem reconheço o horário,

Sei apenas o que está no caderno,

Como as cartas estão no baralho.

 

Fiz minha cama olhando o oculto,

Pois de perto é quase impossível,

Era um templo perfeito pro luto,

Quando o susto tem modo risível.

 

Hoje eu vejo estrelas já mortas,

E as portas do caos em ruínas,

Celebrando o abrir das comportas,

Quando a bruma embaça a retina.

 

O que vejo não sei se é real,

E se estou nesse plano de vida,

Se o portal vai livrar-me do mal,

Ou apenas me dirá quem convida.

 

Eu não quero mais os pesadelos,

Que não mostram ter as soluções,

Pois são traumas de todo o medo,

Que escorrem pelas vãs ilusões.

 

Só pretendo viver de poesias,

Donde a vida se vista de amor,

Onde as dores exortem alegrias,

Necessárias aos que têm valor.