O QUE VI DA MONTANHA

O QUE VI DA MONTANHA

 

Certa vez fui andar pelos campos,

E o caminho me levou à montanha,

Eram passos que levam aos santos,

Quando orei ao luar da campanha.

 

Lá de cima ouvi vários clamores,

Pois o povo padecia de socorro,

E os anjos disseram aos senhores:

- Deus é mais que o cimo do morro!

 

É mistério o que vi da montanha,

E só Deus permite cada sutileza,

Ante o céu de grandeza tamanha,

Pois só Ele nos dá essa certeza.

 

Tudo que eu via antes do cume,

Me dizia do que eu já desfrutei,

E também onde eu fui vagalume,

Ao cruzar pelas sombras da lei.

 

Mas chegando num novo horizonte,

Vi que ainda vale a pena sonhar,

E também que só paz rega a fonte,

Saciando a minha sede de amar.

 

Mas em cada vereda ainda sofro,

Pois ainda não estamos preparados,

Se deixam pulmões sem o sopro,

E a tortura nos faz de aleijados.

 

Deixa estar quem se acha capeta,

Pois desdém é algo que condeno,

Até quando nos impõem a sarjeta,

Simulando serem reis em aceno.

 

Mas o bom rei não despede o povo,

E sim o abraça como à sua família,

Sendo justo a quem quer conforto,

Praticando a concórdia que alia.