PARALELAS DE BELCHIOR

PARALELAS DE BELCHIOR

 

As curvas do caminho podem ser ilusão,

Como podem os espinhos dar em sangue,

E as travessas mudam a minha direção,

Se não quero que o destino se zangue.

 

Temos sentidos em cada lado das ruas,

Mas são as capas que ditam as escolhas,

Se é em um solo na terra que é nua,

Ou tendo o asfalto, o vento e as folhas.

 

E são por esses escapes que eu fujo,

Pois nem sei o que é meu ou é seu,

Talvez sendo esses os subterfúgios,

Para a coragem de quem já esqueceu.

 

São paralelas de Belchior e do sertão,

De onde o Rio veio para se entroncar,

Como num delta que foi Nilo e emoção,

Que até Cesar foi colher para amar.

 

Então, os carros espalham as águas,

Em uma velocidade que rasga as poças,

Dizendo que o tempo vence as mágoas,

Como as velhas já foram as moças.

 

E a ilusão de viver entre paralelas,

Nos tira o tino do destino e de Deus,

Pois tudo é do intestino ou sequelas,

Que nos ferem ou nos curam do adeus.