NOSSOS EUS
Parece fácil conciliar tantos eus. Mas, não é.
O ambíguo, que reparte ser e querer ser.
O real, que junta
fragmentos do viver. O velho, que puro,
reluta aceitar o inconsequente.
O jovem, que, renascente, teme o roçar do futuro.
O cruel, que aceita alguns massacres.
O bendito que louva madres, terezas e calcutás.
O artista, que cria à revelia.
O chucro, que ignora e chora.
O mais bonito, de amores e benesses.
O mais feio, só de interesses.
Parece difícil dispersar tantos eus. Mas, não é.
Quem vive, vê.
Quem morrer, verá!
(Do meu livro TAÇA DE CRISTAL)