VERBO SEMELHANTE, OCASO DISTINTO

VERBO SEMELHANTE, OCASO DISTINTO

 

Nossa podre sociedade é moderna,

E esqueceu do passado do escambo,

Esqueceu dos tempos na caverna,

Ou quando comia vez em quando.

 

Hoje o verbo pode ser semelhante,

Mas o nosso ocaso é bem distinto,

Pois alguns seguem logo adiante,

Enquanto outros findam o destino.

 

Na delegacia tem furtos e roubos,

Mas não são para mesmas pessoas,

Pois rico é quem furta e é louco,

Mas se é pobre que rouba, caçoam.

 

Rico se chateia se não tem iPod,

E o pobre se entristece ao lado,

Porque rico compra tudo e pode,

Mas o pobre só pode o rescaldo.

 

Quando rico chora é tristeza,

Mas o pobre só chora tormento,

Rico de roupa rasgada é beleza,

E o pobre roto é cão sarnento.

 

Rico bebe da laranja na ceia,

Pobre toma laranjada em briga,

Rico pode sorrir da sereia,

E o pobre naufraga na vida.

 

Nossa sociedade está putrefata,

E não vê que o descaso na vida,

Brinca até de ser um numismata,

E não escuta a voz que periga.

 

Rico chora se lhe dão careta,

Pobre se não tem mais um bico,

Pois o choro de um é só treta,

E a fome do outro é seu grito.

 

O ocaso de um rico é cemitério,

Quando a riqueza é briga de clã,

Já o destino do pobre é mistério,

Pois sua riqueza é ver a manhã.

 

O pobre é distinto de um rico,

Como a floresta ou cada deserto,

Mas se um acha beleza em Kripton,

O outro sabe que lá não é perto.