EMBARQUE NA NAU
EMBARQUE NA NAU
Havia alguém no sétimo andar,
Querendo um chão sem colchão,
Por não se ver no sétimo céu,
Ou ao se ver fardo de caixão.
Houve embarque na nau de Cabral,
Num mar que não tinha calmaria,
Como eram os tempos de Portugal,
Sem imaginar vir orar na Bahia.
E aqui, entre igrejas, rezou,
E também foi herege às vezes,
Quando bebeu cachaça e pecou,
Se entregando aos fregueses.
Não lembro ser homem ou mulher,
Quem levou essa vida profana,
Para dizer a quem pôs a colher:
- Entre casais talvez seja bacana!
Hoje há carnavais e talvez alegria,
Pois é bem mais fácil sobreviver,
Mas quase tudo não tem fantasia,
Se no capitalismo só vale vencer.
Haverá um futuro só de máquinas,
Onde pessoas viverão nas malocas,
E navegar será esporte de náutica,
Se o pescador nem terá minhocas.
E o resto são só os escombros,
Entre ossos de corpos mutilados,
Destroçados em carne de lombo,
E a queda pintaram nos quadros.