PROCELA E INSÔNIA
PROCELA E INSÔNIA
Há um buraco dentro de mim,
Recolhido no breu da aurora,
Escorrendo meu sangue no fim,
E o medo que vem sem demora.
Não há chance de se libertar,
Das bragas cheias de ferrugem,
Sem falar na procela que há,
Afundando a nave da coragem.
A maldade é emblema dos homens,
E a verdade deles é a que impera,
Ao querer ser como lobisomens,
Assombrando a cidade e a tapera.
Sou a saudade do tempo das feras,
Onde o mal era apenas ser homem,
E ser dente-de-sabre ou quimera,
Só difere nas tragédias ou fome.
Estou no tempo de anjo e demônio,
Onde eu sou um miserável a viver,
Com inimigos reais e nos sonhos,
Vivendo de insônia ao conviver.