ENERGIA E MISTÉRIO

ENERGIA E MISTÉRIO

 

Se me locupleto é porque mereço,

Diria o rei que se diz divindade,

Pois fala em sangue por adereço,

Dizendo ser filho da santidade.

 

Que santidade é essa, se morre?

Será que a vida merece intervalos?

Ou se não segue o curso e escorre,

É podridão do que fede ao lado.

 

Mesmo a baía, onde a água é calma,

Se movimenta com a maré e o vento,

Senão o mangue pode gerar traumas,

E o caranguejo vai ser excremento.

 

A vida é medonha de tanto segredo,

E começa na flora que vai revoar,

Despista a água e tudo que é medo,

Para levantar, como andar ou voar.

 

São ciclos de vida com seus vícios,

Os quais enfraquecem ao caminhar,

E assim o império não é o início,

Mas fim do indivíduo e seu limiar.

 

Quem serve aos exércitos é um tolo,

Pois guerra é sinônimo de exclusão,

Porque a morte é uma faca no bolo,

Que não dá sabor, mas traz ilusão.

 

Alguém vai dizer que há nova vida,

E outros dirão que não haverá morte,

Mas tudo é da caminhada ou corrida,

Ou algo bem mais que regra ou sorte.

 

Só sei que no eterno só há energia,

Que surfa com o mistério e o tempo,

Pois tempo é evento ou especiaria,

Que dá o sabor e frescor ao vento.

 

Os ciclos podem ser fases de giro,

Como nas translações e ao renascer,

Mas sempre se nasce com o vestígio,

Daquilo que alguém queria esconder.

 

Ninguém foi feito pra viver só,

Pois até um touro quer bem-ti-vi,

Como, à noite, Guaraci quer o sol,

Para dar valor às luas de Jaci.