SEU NOME ERA CHARLES

SEU NOME ERA CHARLES

 

Eu quis passear em Galápagos,

Quando entrei num barco antigo,

Sem a permissão, que não pago,

Pois o ouro gastei no cortiço.

 

Tinha um homem barbudo e velho,

Mas sabido demais entre os seus,

Pois roubou com um escaravelho,

Cada segredo dos raios de Zeus.

 

O seu nome era Charles Darwin,

E o meu era Chico, João ou José,

Só que eu segurava os baldes,

Com insígnias de Tamandaré.

 

Apostamos assim no Brasil,

E a aposta foi logo na chuva,

Nos molhando, pois a água caiu,

E o clima mostrou nova curva.

 

Só então esqueci o Atlântico,

E naveguei distante de África,

Pois Pacífico não é romântico,

Nem a vida de ilha é prática.

 

Lá entre vulcões vi as aves,

Vi os ajapás mais gigantes,

Vi no céu estrelas e naves,

Mas não o inferno de Dante.

 

Sei que hoje eu ressuscitei,

Quando um vulcão me expeliu,

E foi lá que me transmutei,

E assim meu verbo insurgiu.

 

De lá eu trouxe a saudade,

De um Charles além do tempo,

Que revolveu nossa realidade,

E foi mais que chuva ao vento.