SENZALA, CASTRO E TABA

SENZALA, CASTRO E TABA

 

Eu vim da senzala e da taba,

Carregando meus antepassados,

Se a vida em mim não se acaba,

Pois vem de Ogum meu reinado.

 

Fui índio também na floresta,

E pesquei pela beira dos rios,

Mas, ante o feitor, dei a testa,

Enfrentando a dor com meu brio.

 

Eu sei que os guias nos guardam,

Com o encanto de amor e de axé,

Até quando nossos atos resvalam,

Como as sombras em busca de fé.

 

Se eu fui um druida no passado,

Ou fui Merlin de castro e mesa,

Mas fui celta que foi castigado,

Por saber que na dor há certeza.

 

Mas também sou cidadão africano,

Como todos bem antes de mim,

A sofrer como um sul-americano,

Sendo escravo que viu o marfim.