SONHOS SEM LUGAR

SONHOS SEM LUGAR

 

Certa vez encontrei-me distante,

Onde os sonhos não dizem o lugar,

Tinha brumas e muitos ruminantes,

Mas haviam mais coisas por lá.

 

Tinha uma casa sombria e grande,

Mas não sei quem nela morava,

E disseram que ali era um instante,

Se a cidade é longe da estrada.

 

Foi aí que pensei qual caminho,

E como vou seguir nessa jornada,

Parecendo que eu chegara sozinho,

E a tristeza era da madrugada.

 

Fui andando com as translações,

Escorrendo no caos que havia,

Fui colhendo o pus dos vulcões,

Extraído num colo que ardia.

 

Nesse colo eu posso ser astro,

Na miséria em que vejo estrelas,

Pra sair da caverna e do castro,

Navegando bem além das procelas.

 

São nessas procelas, meu irmão,

Que encontro meu jeito de ser,

Chacoalhando num barco em missão,

Mesmo quando queiramos morrer.