MEMÓRIAS PELA SERRA

MEMÓRIAS PELA SERRA

 

Faz frio quando estou pela serra,

E suas memórias me doem na alma,

Desde os dias que lá se encerra,

Tudo aquilo que presta e salva.

 

Os bons dias de todo o passado,

Poderão tornar-se o seu pesadelo,

Se alguém que estava a seu lado,

Fingiu ser gentil por ter medo.

 

Esses tipos de medo é desgraça,

Pois nos corrompe com a traição,

É estar diante de todos na praça,

E ter só lamentos de encenação.

 

Ele lhe diz que amor é virtude,

Mas trama nas sombras o seu fim,

E se molda ao mal como atitude,

Que se mascara até de querubim.

 

Nesse caos eterno vive o capeta,

Cuja sombra nos incute a maldade,

Travestida como se fosse careta,

Em um baile sem deixar saudade.

 

Eu não quero o convívio macabro,

E nem quero ser nobre em castelo,

Quero a vida sob um só candelabro,

Sem o fausto e a carne de vitelo.

 

Quem se ampara em ouro e bezerro,

Não sabe o que lhe aguarda oculto,

Pois ouro eu não como com berro,

Nem o bezerro eu guardo no luto.

 

Deus pra mim é essência de vida,

Pois em todo lugar eu encontro,

Já o censor me oferta a ferida,

Quando no Pelourinho há tronco.