A Tecer as Horas
Caí a tarde nos meus olhos amendoados,
Chega a nostalgia misturada ao conhaque
Caí o sereno no peito lavado dos desertos
Teço as horas na vontade intensa e tênue.
Lá vai o meu coração nas ondas frias do rio
Águas-vivas me alinham no destino d'alma
O desejo saliva na boca do dia e cora a face
A canção no silêncio do tempo transforma
Os quatro cantos do eu solo, a todo enlace.
Caí dos pés de azeitonas doces esperanças
Tocam os meus nas passadas lidas e longas
Nos campos floridos a estrela do céu e mar
Viajam mistérios doces, amargos, para dar
Tempero ideal vistos nas páginas já vividas.