VIDÊNCIA E TEMPERO

VIDÊNCIA E TEMPERO

 

Quando raia um novo dia,

E acordam o meu girassol,

Eu me lembro de cada orgia,

Onde a Terra circunda o Sol.

 

Desde quando juntaram detritos,

Nessa parte da nossa galáxia,

Que imagino planetas em gritos,

Querendo aumentar suas massas.

 

E assim brigaram Sol e Júpiter,

Pela primazia em gás e brilho,

Instigando até mesmo a lúcifer,

Por querer violão e estribilho.

 

Mas no meio de tanta vaidade,

Vence o Sol sobre os planetas,

E mesmo um Plutão de verdade,

É visto, mas não por luneta.

 

Minha certeza é da existência,

Por saber que a força gravita,

E por causa da minha vidência,

Eu perscruto a morte e a vida.

 

Se eu vivi mais vidas que anos,

Serão meus segredos que guardo,

Pois aquilo que fiz pelos anos,

Simboliza que à noite sou pardo.

 

Minha cor não importa aos céus,

Nem os cílios, cabelos e altura,

Como não ter Mustang ou corcel,

E nem aquela festa de formatura.

 

Minha cultura é fruto do acaso,

De ter acordado para o convívio,

Pois há gente no gozo do vazo,

Sendo planta e querendo colírio.

 

Mas ter olhos me exige enxergar,

O que olhamos de fora ou dentro,

E se o tempero não bastar achar,

Quando achar, bote até fermento.

 

E misture o que gosta e o que há,

Pois nem todo dia se acha coentro,

E a cebola nem sempre é o manjar,

Mas depende se ainda dá tempo.