Assim é ela
Ao abrir os olhos
Não recebeu o colo
No frio foi lançada
E na inocência seguiu inpertigada
Sentou-se na calçada
E todo tempo abandonada
Da vida não recebeu nada
Aprendeu a achar palavras
Todas as colocava
No papel silenciadas
E assim se fez feita de poesia
Poesia que ninguém via
Pois a ninguém confiava
Eram palavras bem guardadas
A menina moça se fez
Hora de mudar outra vez
Lugar sombrio
De sentimento vazio
Sozinha mais uma vez
Foram muitas as batalhas
Muitas as mortalhas
Mas continuava
As palavras ajeitava
No papel as guardava
Sonhou com outra vida
Quis ser a preferida
Mais poesia desenhou
Mas ele não compreendia
Lia, ouvia mas não entendia
Ela tentou, outras palavras arrumou
Mas a tradução falhou
Em meio ao tormento
Ela o amou
Mas estando contra ao vento
Ele nunca a alcançou
Então ela tornou-se silêncio
E no silêncio ela achou
Que assim o teria
E na gaveta se acomodou
E enquanto ela o amava
Por vezes se desesperava
Ele apenas a ignorava
E a poesia gritava
Ela gritava
Mas nada adiantava
Ele não compreendia
Nem mesmo mais lia
E nesse dia
Ela sentiu doer
E continuou a escrever
Escolhendo cada palavra
A dor ela externava
E assim aliviava
Dividia com o mundo
Mesmo que por segundos
Aquilo que a matava
Era assim que sua alma libertava
Dava à ela asas
E ela voava
Ainda hoje não foi amada
Não foi a escolhida
A preferida pra uma vida
Seu mundo ainda é vazio
Sua mão não recebeu
Outra mão pra segurar
E ela sabe o que não é seu
Sabe que irá ficar
Encontrando palavras
As perpetuando no registrar
Ela ainda é poesia
E só sabe amar