INQUIETO E ANSIOSO
INQUIETO E ANSIOSO
Já pensei em ser somente nada,
Mas eu vim para te inquietar,
E dizer o que ninguém aguarda,
Pois eu sou como fogo e ar.
Só não visto o corpo com asas,
Pois eu sou um touro a andar,
E não quero morrer sem pegadas,
Registradas no que eu versar.
Sou aquele inquieto beija-flor,
Que, mesmo parado, tremula e voa,
E tudo aquilo que gesta no amor,
É na sua inquietude que ressoa.
Ansioso, fui feito para andar,
Mas saber o porquê, me interessa,
Seja quando eu sofrer por amar,
Pois não sei perdoar minha pressa.
Me disfarço de ser quem tem calma,
Mas não sou tolerante ao fracasso,
E nem quero viver só de traumas,
Desde quando reclamo um compasso.
Vejo o mundo sem rumo ou norte,
Como os loucos que não se entendem,
Pois não há competência, mas sorte,
Mas a sorte não acho que vendem.
Sorte é como conselho que presta,
Mas o que presta não é de graça,
Pois o mal quando se manifesta,
Nos afeta, mas cobra em desgraça.
É preciso conviver com as marés,
Se a ciência é saber o que serve,
Ou buscar entender quem tu és,
Pois água evapora quando ferve.