Paranóia
Entre verdades e mentiras
Esgueirei-me na tortura
De quem enebria-se da doçura
Que no amargo se fecunda
Nos pequenos deleites se sacia
E a alma inunda
Enquanto a fome se perpetua
Sigo seminua
E vou fingindo estar inteira
Enquanto a vida sorrateira
Traz a verdade para derme
Impedindo que prossiga
Qualquer coisa senão a despedida
E eu, feito um verme
Que a luz traz a morte
Abrigo-me entre o caos
Sem coragem pra tal sorte
A face revelar
E enfrento a batalha
Sob o corte da navalha
Que meu peito fez cortar
E assim, pele arrancada
Quando não me resta nada
Fiz-me revelar
Nas palavras que eram tuas
Totalmente nua
A face da loucura
Eis aqui
Estou a te mostrar
Enclausurada nessas muralhas
Que eu mesma te fiz colocar
Lanço a ti o meu grito
Pra que me tires desse lugar